Monday, August 28, 2006

Biarritz... O primeiro dia do resto das nossas vidas!















Uma da tarde... Foram precisos apenas trinta minutos em território Franciú para que claramente se notasse quem realmente dominava essa língua cujos tempos verbais todos atormentara. Dotado não apenas de um vasto vocabulário, mas também de um sotaque irrepreensível, Johny Beggood, sentia-se em casa. Havia-nos previamente avisado de que para ele o francês não tinha segredos, e prometia que também nós não os teríamos. -"Há que soltar a língua..."- dizia ele. No entanto, só no seu primeiro diálogo, numa estação de serviço pouco depois da fronteira é que claramente nos demos conta da dimensão do talento deste, e lhe entregámos o titulo de R.P da Xaral Summer Trip. Parece que ainda o ouço...

JB - "Gasé!!! Gasé, mignon Sinhoré!!! Gasé pour le carré!!!!....Non...Ai o caralhé....Tu est burré ou qué? O qué je querer sapier est donde hai gasé pour le carré pour que nous non queré andaré a gasoliné!!!!"

De dentro do carro , olhávamos os três estarrecidos para o que se passava. Passado pouco tempo Johny teve que se recorrer de linguagem gestual e conseguiu assim decifrar um pouco da estranha linguagem que aquela nativa utilizava. Ao chegar ao carro,e perante a nossa incompreensão do que se acabara de passar logo nos esclareceu.

JB- "Eu sei o que é isto, e já estava à espera. Sabem, é que este pessoal aqui junto á fronteira utiliza uma linguagem que não é bem o francês puro, que é o que eu falo.É uma espécie de Franhol, que eu confesso não dominar tão bem. É uma mistura de Francês com Espanhol...não sei se estão a ver..."

Todos - "Ahhhhhh..."

Assim, mais aliviados por saber que tínhamos tradutor á altura , seguimos caminho e encontrámos realmente uma estação que abastecia o famoso AutoGas.















Parcos quilómetros depois entrávamos em Biarritz, ponto de encontro primeiro com Roy Mckee, que havia já seis horas que enchia chouriços aguardando pelos seus amigos. Depois de sermos assaltados á mão armada pela operadora de telefones móveis francesa lá conseguimos combinar o ponto de encontro. Michael e Long Borda apearam-se então até ao dito spot...mas não havia maneira de avistarem Mckee.

LB - "Epá...não o vejo em lado nenhum...e ele disse que era mesmo aqui...

MB- "Ai o caralhé..." - dizia Michael absorvendo já claramente a primeira lição do seu mano.

LB- "Ali tá o tal hotel...ali o casino...ali o tal semáforo...ao lado do semáforo tá um armário..."

MB - "Ya...mas...opá..." - dizia michael enquanto franzia o olho e colocava a mão servindo de pala para o sol que nos saudava de chapa- "um armário no meio da rua??"

LB - "Sim...é um armario que....que....levanta o braço???

E daquele lado da rua ouvia-se um berro... Aliás , daquele lado da rua e graças ás potentes cordas vocais de Mckee provavelmente em todos os lados de todas as ruas da vila de Biarritz.

Roy - "Yoooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!, Mááááá Fréééndddsss!!!!!!!!!














O nosso amigo Roy estava, contou-nos depois , moldado pelo ferro. Fruto de uma anterior viagem a África do Sul em que se apercebeu da sua baixa de forma, fez uma jura em que, e acusando a responsabilidade de ser um dos escolhidos para a primeira viagem do Xaral Soul Surfers, estaria por esta data em forma física adequada para cumprir as suas funções e entregou-se sem reservas ao exercício da malhação.

Depois de nos juntarmos ao resto da comitiva, depois de matarmos as saudades e depois desmontarmos toda a tralha numa rua pacata de Biarritz transformando uma via pública , numa autentica feira de Carcavelos, foi altura de checarmos as condições do mar e verificar que estávamos em condições de inaugurar a série de surfadas que compreendia esta viagem.














Objectivo 1: Accomplished

Os cinco fantásticos, todos juntos, no palco que assistira ao nascer do Surf na Europa. Também nós ali assistíamos ao nascer de qualquer coisa. O projecto "Xaral Soul Surfers". Era este sentimento de dever cumprido misturado com a sensação de que o melhor ainda estava para vir, e de que este seria o primeiro dia de nove ou dez desse melhor, que ocupava o pensamento de Long Borda quando de repente...

LB -"Raios!"- E olhava em volta para tentar perceber qual do elemento do crowd se tinha acabado de aliviar. Tinha entrado em "zona de mija". Aquela sensação de quentinho já lhe era familiar, mas quando protagonizado pelo próprio a coisa não adquiria os mesmo contornos. O de "falta de respeito".

LB- "Mas..." - a não ser que todos os vinte ou trinta surfistas que compunham agora o crowd do pico que explorava se tivessem aliviado ao mesmo tempo, a explicação só poderia ser uma. Confirmou-o quando ouviu Mckee berrar...

Mckee - " Uuuuuuhhhhhh Yeahhhhhh!!!!!!!!!!. Liagaram o esquentador!!!!!!!!!!!!!!"












Água quente. Surf de Calção. A coisa não podia melhorar....mas melhorou....

A noite caiu, tratou-se da janta, requintada como manda a lei ou não estivéssemos em território francês. Até me parece que o lema da Francia é mesmo " Enlaté? Jamais!!!" E como bons portugueses...aliás mindericos...preparámo o "gourmet" ali mesmo, á beira da estrada.




























Já fartos de amizade e de atum, chegava a altura de nos prepararmos psicologicamente para o segundo objectivo mais importante da viagem: As Gaijas!
Depois de limpar uns quantos pack´s da pior e mais barata cerveja que se pode encontrar naquele reino, rumámos a uns quantos espaços de diversão nocturna com vista a confirmar a fama da "femme fatale"...a mulher francesa.














Era o descobridor dentro de cada tuga que se manifestava em nós. E o descobridor dentro de nós revelou-se um aldrabão, um cigano...o que lhe quiserem chamar. Era a única alternativa depois de constatarmos que o interesse manifestado pelas belas fêmeas existentes naquele habitat se dissipava de cada vez que proferíamos palavras como tendas, enlatados e Portugal. Foi então que ajustámos ligeiramente o discurso para apartamento dos tios em Lacanau, elogiámos os belíssimos restaurantes e a cozinha francesa, e da mesma maneira leviana com que qualquer jogador da bola brasileiro faz, mudámos a nossa nacionalidade. Éramos agora Australianos. E se antes elas fugiam....agora eramos os melhores partidos da noite Biarritziana.
Já lançadas a sementes em Biarritz agora era só esperar que o sol e a água do mar fizem-se a sua parte para mais tarde colhermos os frutos.
Concordamos que dormiríamos em Les Cavaliers naquela noite, para que o barulho das ondas, a quebrarem ali a meia dúzia de metros, nos adormecessem agora para de manhã nos acordarem. A sorte estava do nosso lado, e aquela hora ainda fomos encontrar um hotel. Mesmo mesmo junto á praia. Nunca hei-de esquecer-lhe o nome...

Hotel Quechua

1 Comments:

Blogger Pedro Ferro said...

Hotel Quechua, lol, hilariante... 5 estrelas, um gajo só tem é de ter cuidado de não se mijar a rir...

4:24 PM  

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